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Cajazeiras,23/08/2025

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WGLEYSSON DE SOUZA

O caso Hytalo Santos e os 20 milhões de cúmplices virtuais

Mais do que um escândalo individual, a exposição de conteúdos que sexualizam crianças revela um drama social profundo, sustentado por milhões de curtidas e visualizações.


O caso Hytalo Santos e os 20 milhões de cúmplices virtuais OPINIÃO: WGLEYSSON DE SOUZA - Jornalista/0004407/PB

Paraibanos e paraibanas, brasileiros e brasileiras, tão grave quanto o conteúdo produzido pelo influenciador Hytalo Santos é a triste constatação de que ele encontra, nas redes sociais, uma plateia de cerca de 20 milhões de seguidores. Esse público, disperso entre diferentes plataformas, mantém viva a demanda por vídeos que adultizam crianças e adolescentes.

O influenciador age, portanto, como uma espécie de “cafetão virtual” de parte significativa da sociedade. Uma parte que, por ignorância ou conveniência, consome, aplaude e compartilha esse tipo de material. Há aqueles que dizem “não ver maldade” e outros que o fazem por prazer. De um jeito ou de outro, a engrenagem continua girando.

Não se trata apenas de apontar o dedo para um indivíduo — que, se for provado o crime, deve pagar pelo que fez —, mas de compreender que esse fenômeno só existe porque há uma demanda real. Likes, curtidas, comentários e até apostas mantêm vivo o mercado da erotização infantil.

É cômodo, neste momento, transformar o caso em espetáculo midiático, como se todos estivéssemos surpresos. Mas a verdade é que esse tipo de conteúdo sempre esteve disponível, à luz do dia, sem qualquer esforço para ser encontrado. O problema não nasceu agora; apenas ganhou holofotes.

Se o que Hytalo Santos produz é crime, e provavelmente é, estamos diante de um cenário ainda mais assustador: um crime com 20 milhões de cúmplices, conscientes ou não. Essa reflexão é urgente. Enquanto houver demanda, a oferta seguirá firme, abastecida por cliques que, no fim, têm peso de prova.

Essa é uma luta que exige mais do que repressão policial ou decisão judicial: exige mudança cultural, educação digital e responsabilidade coletiva. Do contrário, continuaremos alimentando a máquina que transforma crianças em produto — e o produto em entretenimento.

Essa coluna representa a opinião e análise do jornalista Wgleysson de Souza – DRT 0004407/PB.



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