OPINIÃO: WGLEYSSON DE SOUZA - Jornalista/0004407/PB

A política paraibana vive um momento curioso: dois aliados de longa data, que construíram juntos uma relação de confiança e vitórias eleitorais, agora se veem diante de um dilema que pode transformá-los em adversários. João Azevêdo e Cícero Lucena colecionam resultados positivos fruto de uma parceria de gestão bem articulada, mas as ambições para 2026 parecem colocá-los em rota de colisão.

O cenário é o seguinte: João mira o Senado, um passo natural dentro de sua trajetória, enquanto Cícero, bem posicionado nas pesquisas, avalia disputar o governo do Estado. A equação política, no entanto, é complexa. Para João concretizar sua candidatura, o vice-governador Lucas Ribeiro precisaria assumir o governo, garantindo a continuidade do projeto político. Só que essa engenharia esbarra nas pretensões de Cícero, que para se viabilizar como candidato, teria que romper com o grupo governista.

As falas recentes dos dois reforçam essa divisão. João já articula abertamente a montagem da chapa e projeta uma vice para seu aliado Lucas, sinalizando a manutenção do grupo no comando. Cícero, por sua vez, declara ter “um projeto para a Paraíba”, deixando claro que pretende seguir seu próprio caminho, ainda que isso signifique enfrentar antigos aliados.

Não se trata apenas de vaidades políticas, mas de visões estratégicas que, inevitavelmente, se chocam. Enquanto João quer consolidar o legado e manter a base unida, Cícero aposta no capital eleitoral acumulado e na boa avaliação de sua gestão para chegar ao Palácio da Redenção.

A pergunta é: haverá espaço para conciliação? Ou o eleitor paraibano assistirá a uma ruptura que mudará radicalmente o tabuleiro político do estado? Por enquanto, o que se vê é um jogo de xadrez de alto nível, onde cada movimento pode definir não apenas o futuro de dois políticos, mas o rumo da Paraíba nos próximos anos.