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Cajazeiras,12/07/2025

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Herói solitário do INSS resiste em Cajazeiras enquanto quadrilha saqueia milhões dos aposentados

Enquanto o INSS de Cajazeiras sobrevive graças a um único funcionário efetivo, o Brasil presencia o maior escândalo de fraudes contra aposentados da história.


Herói solitário do INSS resiste em Cajazeiras enquanto quadrilha saqueia milhões dos aposentados

No Sertão da Paraíba, um nome resiste como símbolo de compromisso com o serviço público: Manoel Bezerra de Oliveira, servidor efetivo e único em atuação na agência do INSS de Cajazeiras. Já em idade de descanso, Manoel deveria estar em casa, de pijama, ao lado da família. Mas não. Todos os dias, ele viaja de São João do Rio do Peixe até Cajazeiras para abrir as portas da agência e garantir, sozinho, que o povo não fique totalmente desamparado.

Enquanto isso, o Brasil assiste estarrecido ao maior escândalo já registrado na história da Previdência Social: uma quadrilha estruturada desviou bilhões de reais de aposentados e pensionistas, por meio de descontos indevidos em folhas de pagamento. A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal, revelou que mais de R$ 6,3 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024, atingindo cerca de 4,3 milhões de vítimas.

É revoltante: no chão duro do Sertão, um único homem resiste. No alto do poder, um grupo saqueia direitos básicos com sofisticação criminosa.

Na pequena agência de Cajazeiras, faltam funcionários, estrutura e amparo do governo federal. Não fosse Manoel, a unidade já teria fechado. “A agência do INSS só continua aberta por causa dele”, denuncia o advogado Claudenilo Pereira em entrevista recente. E mais: 15 municípios dependem diretamente dessa agência.

Do outro lado, no núcleo das fraudes, estão servidores, lobistas, associações de fachada e empresários que operaram uma rede nacional de golpes. Com apoio de entidades “representativas” e sistemas internos burlados, aposentados foram lesados mensalmente por descontos de serviços não contratados. Carros de luxo, imóveis, joias e contas milionárias foram apreendidos pela Polícia Federal na operação.

E o governo? Promete devolver até dezembro de 2025 parte dos valores surrupiados. Até agora, menos de R$ 300 milhões retornaram aos beneficiários.

O contraste é cruel: um herói anônimo sustenta um serviço público essencial sozinho, enquanto criminosos institucionalizados dilapidam o direito de milhões de idosos. O Brasil da desigualdade institucionalizada tem nome, rosto e endereço. E Cajazeiras, mais uma vez, vira palco da resistência silenciosa — mas também do abandono gritante.

A sociedade precisa reagir. O Congresso, o Ministério da Previdência, o INSS nacional — todos devem ser cobrados com urgência. Exigir reforço de pessoal, ressarcimento imediato às vítimas e transparência total sobre as fraudes é um dever cidadão.

Manoel Bezerra de Oliveira é um exemplo. Mas não pode — e não deve — ser a solução solitária de um problema estrutural. Servidores como ele merecem respeito, apoio e companhia. A população merece dignidade. E os aposentados, justiça.

Que a história não nos cobre omissão. Que o heroísmo de Manoel não seja romantizado — mas valorizado com ação, reforço e mudança.





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