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Cajazeiras,13/07/2025

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WGLEYSSON DE SOUZA

Roubar uma bola vale mais que tirar uma vida?

A discrepância das penas revela um sistema jurídico que ainda pesa mais para alguns do que para outros

Fotografia da internet
Roubar uma bola vale mais que tirar uma vida?

No Brasil, a balança da Justiça parece pesar de acordo com o réu. Prova disso é a notícia que ganhou os portais nesta semana: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, votou pela condenação de um dos envolvidos no 8 de janeiro, Nelson Ribeiro Fonseca Júnior, a 17 anos de prisão. O motivo? Ele furtou uma bola de futebol autografada por Neymar, exposta na Câmara dos Deputados.

Vamos aos fatos: o furto é um crime, sim. A invasão do Congresso é gravíssima. Mas a pergunta que não quer calar é: 17 anos de cadeia por uma bola?

Enquanto isso, estupradores recebem 13 anos, autores de duplo homicídio são condenados a 15. E os crimes de colarinho branco? Gente como Sérgio Cabral, condenado a mais de 400 anos, já está em casa, de tornozeleira, postando resenhas de filme na internet. Geddel Vieira Lima, flagrado com malas de R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, circula longe das grades. A seletividade escancara um sistema que julga menos o crime e mais o cenário político em que ele acontece.

Não se trata de defender quem quebrou o patrimônio público ou violou a democracia. Mas de defender que pena justa é pena proporcional. Uma condenação não pode ser decidida pela simbologia do ato ou pelo calor do momento político. A Justiça precisa ser firme, mas também precisa ser coerente e isonômica. O Brasil não pode aceitar que alguém condenado por levar uma bola receba pena maior que um criminoso violento.

O 8 de janeiro foi um episódio vergonhoso da história recente — e deve ser julgado com rigor. Mas o risco que corremos é transformar a busca por Justiça em uma espécie de vingança estatal, onde o exemplo vale mais que o equilíbrio.

Enquanto isso, seguimos vendo corruptos bilionários, criminosos reincidentes e figuras públicas blindadas escapando das punições. A indignação seletiva virou regra, e a opinião pública, manipulada por manchetes, é levada a crer que ser duro com uns compensa a impunidade de outros.

O Brasil precisa de Justiça, não de espetáculo judicial. E é por isso que questionar a desproporção é um ato de responsabilidade — não de conivência.

Wgleysson de Souza – DRT 0004407/PB
Jornalista e analista político



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